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Violência não traz Justiça

Violência não traz Justiça

Um gonçalense de 34 anos foi assassinado a pauladas, socos, chutes e pedradas no Barro Vermelho, semana passada. Os golpes desfiguraram seu rosto e dificultaram a identificação do corpo pela família. Francisco Rocha era casado, tinha dois filhos pequenos (4 e 6 anos) e um enteado de 16 anos de idade.

A perícia apontou que o grupo que matou Francisco era composto por mais de 10 pessoas, talvez ligadas ao tráfico de drogas da região, de acordo com informações passadas por moradores, que também disseram que a vítima teria cometido assaltos no bairro.

A aprovação deste crime bárbaro por parte da população que acredita na justiça feita pelas próprias mãos é tão grave quanto o crime em si. Violência não traz Justiça. A família de Francisco alega que ele trabalhava como carpinteiro e lutava contra a dependência química, classificada como transtorno mental pela Organização Mundial da Saúde. Se as investigações provarem que também era assaltante, Justiça seria julgá-lo tendo como objetivo a ressocialização, como qualquer povo civilizado faria.

É fato que a população gonçalense é refém do medo de ser assaltada, estuprada, assassinada. Mas espancar outros seres humanos até a morte não eliminará a ação das facções criminosas que dominam parte do território municipal, espalhando a violência, e recrutam crianças e jovens para o tráfico de drogas como seus soldados. Igualdade social foi a solução encontrada – a única possível – pelos países que apresentam os maiores níveis de segurança no mundo, como a Nova Zelândia.

Não é a primeira vez que alguém é espancado até a morte em São Gonçalo e os índices de homicídio, roubo de veículos e assalto à pedestres explodiram, segundo o Instituto de Segurança Pública. O que virá após o espancamento no meio da rua? Vamos trucidar, cortar e comer a carne quente da vítima sentados na calçada batendo um papo? Tão acostumados a ela, assustar bandidos com violência e vê-los fugindo da cidade com o rabo entre as pernas não parece uma expectativa sensata.

Se o sistema inteiro falhou, dominado pela burocracia e corrupção, da polícia militar ao juiz criminal, a sociedade depende ainda mais da resistência e sanidade de seus cidadãos.

Mário Lima Jr.
Mário Lima Jr.http://mariolimajr.com
Moro em São Gonçalo e toda semana escrevo sobre minha relação com a cidade.

Um gonçalense de 34 anos foi assassinado a pauladas, socos, chutes e pedradas no Barro Vermelho, semana passada. Os golpes desfiguraram seu rosto e dificultaram a identificação do corpo pela família. Francisco Rocha era casado, tinha dois filhos pequenos (4 e 6 anos) e um enteado de 16 anos de idade.

A perícia apontou que o grupo que matou Francisco era composto por mais de 10 pessoas, talvez ligadas ao tráfico de drogas da região, de acordo com informações passadas por moradores, que também disseram que a vítima teria cometido assaltos no bairro.

A aprovação deste crime bárbaro por parte da população que acredita na justiça feita pelas próprias mãos é tão grave quanto o crime em si. Violência não traz Justiça. A família de Francisco alega que ele trabalhava como carpinteiro e lutava contra a dependência química, classificada como transtorno mental pela Organização Mundial da Saúde. Se as investigações provarem que também era assaltante, Justiça seria julgá-lo tendo como objetivo a ressocialização, como qualquer povo civilizado faria.

É fato que a população gonçalense é refém do medo de ser assaltada, estuprada, assassinada. Mas espancar outros seres humanos até a morte não eliminará a ação das facções criminosas que dominam parte do território municipal, espalhando a violência, e recrutam crianças e jovens para o tráfico de drogas como seus soldados. Igualdade social foi a solução encontrada – a única possível – pelos países que apresentam os maiores níveis de segurança no mundo, como a Nova Zelândia.

Não é a primeira vez que alguém é espancado até a morte em São Gonçalo e os índices de homicídio, roubo de veículos e assalto à pedestres explodiram, segundo o Instituto de Segurança Pública. O que virá após o espancamento no meio da rua? Vamos trucidar, cortar e comer a carne quente da vítima sentados na calçada batendo um papo? Tão acostumados a ela, assustar bandidos com violência e vê-los fugindo da cidade com o rabo entre as pernas não parece uma expectativa sensata.

Se o sistema inteiro falhou, dominado pela burocracia e corrupção, da polícia militar ao juiz criminal, a sociedade depende ainda mais da resistência e sanidade de seus cidadãos.

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